Pe Sérgio Gomes Machado
Histórico Pessoal
Sou maringaense, tenho 41 anos. Sou licenciado em Psicologia e Psicólogo Clínico. Minha família é composta de quatro irmãos e três irmãs, guiados por minha mãe. Fui monge cisterciense por 10 anos. Sentindo chamado por Deus deixei a ordem e ingressei na Diocese de São José do Rio Preto. Fui ordenado diácono em 25 de fevereiro deste ano.
Minha vocação surgiu por volta de 1990. Eu participava do grupo de oração Christi, na paróquia Cristo Ressuscitado. Como sempre fui reflexivo e contemplativo, num desses momentos tive uma visualização em que me vi vestido de hábito branco andando em um lugar cercado de muros e, em seguida, andando em uma rua. Porém, questionei-me por não saber da existência de monges e muito menos de mosteiros. Isso estava longe da minha realidade de paroquiano e membro da renovação carismática. Por isso, não dei muita atenção. Mas, durante um ano e meio eu sentia que Deus estava me preparando para um dia me levar para viver para Ele, sem saber no que, quando e onde iria ser. Apenas me sentia chamado a viver casto, pobre e obediente. Foi esse o tempo em que preparei minha família para minha missão. Eles, como não eram religiosos, achavam-me beato, fanático ou qualquer coisa parecida. Mas, sempre estivemos próximos e em contato; eu os respeitava e eles a mim. Nunca tivemos qualquer desentendimento quanto a isso. Somente as brincadeiras que faziam por eu ser diferente. Foi em outubro de 1991 que eu pude discernir que Deus me chamava a ser monge. Conversei com meu pároco. Foi assim. Eu já estava morando onde minha mãe mora hoje, bem longe da paróquia, mas continuava participando. Senti que eu devia manifestar ao grupo e ao padre naquele dia. Fui para a reunião e lá apareceu o padre. No momento propício manifestei a todos, especialmente ao padre, a que me sentia chamado por Deus. Ele me acolheu com atenção e carinho. Mas, não concordava com meu conceito de vocação. Eu me sentia chamado a uma vida contemplativa e ativa, e ele, apenas conhecia vida contemplativa, afirmando que não existia este estilo de vida que eu almejava. Como ele tinha outro candidato, que era membro da coordenação diocesana da renovação carismática, permitiu que eu passasse o final de semana na chácara onde ele tinha intenção de conseguir algum tipo de vida contemplativa, masculina ou feminina. Após um mês, eu deixei meu emprego, com garantia de retorno se mudasse de ideia. Passei a morar na chácara e lá permaneci até julho de 1992 (apenas eu e o Cláudio, o padre morava na casa paroquial). Acontece que em janeiro de 1992 nós conhecemos monges cistercienses que tinham vida contemplativa e ativa. Passado o tempo de negociação e visitas de ambas as partes, foi fundado o mosteiro nesta mesma chácara e eu me tornei um postulante cisterciense. Percorri todo processo formativo, sendo iniciado o noviciado aos 6 de agosto de 1993; a profissão temporária no dia 6 de agosto de 1994 e a profissão solene no dia 6 de julho de 1997. Neste mesmo ano fui enviado para São José do Rio Preto com a finalidade de cursar Psicologia, residindo com D. Orani João Tempesta, então bispo local, que é monge cisterciense e era meu irmão de comunidade. Passados 3 anos e meio falei com meu superior do pensamento de sair. Após rezar e refletir durante um ano, pedi em 02 de julho de 2002. Tal dispensa foi-me concedida sem nenhum transtorno devido minha maturidade e tempo de reflexão. Contudo, permaneci no mosteiro mais uns dias a pedido do Abade Dom Edmilson para acompanhar um noviço que estava depressivo (eu estava no 5º ano de Psicologia). O Abade mostrou sua preocupação com a minha vocação por me conhecer desde o início de minha caminhada e saber da minha história vocacional concreta. Ele também foi favorável de que eu terminasse a faculdade a fim de não perder o último ano (corri o risco de não concluir a faculdade, mas não podia agir contrariamente ao que sentia: queria me desligar). A dispensa dos votos chegou somente no início de dezembro de 2002. Confesso que o desligamento é muito mais difícil que o ingresso. Durante todo este período eu me deslumbrava com o sacerdócio, com o privilégio de poder consagrar o pão e vinho no Corpo e Sangue de Cristo. Mas, sempre achei que tal missão não era para mim. Achava-me indigno. Mas, meus pensamentos não eram como os pensamentos de Deus. Ainda em 2002, eu já começara a sentir-me atraído ao sacerdócio ministerial. Quando ia à missa meu coração disparava e meus olhos enchiam-se de lágrimas. Meu desejo era de estar no presbitério celebrando, não como um participante, mas como padre. Senti isso durante uns 3 meses e só depois falei com D. Orani. Eu precisava discernir melhor. Rezei durante o ano de 2003 e certo de que Deus me chamara fiz o pedido para entrar na diocese. Por estar em Rio Preto e por sentir o chamado nesta cidade acreditei que era para ser diocesano.
Eu cultivo a espiritualidade monástica: “Ser solitário dentro da dimensão comunitária sem quebrar a harmonia”. Trata-se de um contemplar a Deus em meio ao “agito” da vida comunitária. E isto requer silêncio e paz interior. Procuro viver da melhor maneira possível: ser um com os outros, mesmo que tenho uma formação e experiências diferentes. Dedico-me à vida pastoral em auxiliar as pessoas com meus conhecimentos, espiritualidade e testemunho. Como cristão não tem como viver diferente disso, senão deixa-se Cristo de lado, e isso não é ser cristão. Aprendi que sou apenas um com os outros. Um que se dedica em aprofundar na comunhão com Deus para mostrar o caminho àqueles que lhes são reservados. Procuro testemunhar uma fé madura e que é acompanhada da esperança na promessa de Cristo que se revela a cada instante e manifesta seu amor e misericórdia. Procuro conhecer a mentalidade hodierna para ser um cristão que sabe seguir a Cristo e não se deixa levar por caminhos que não produzem vida e vida eterna como no-la promete Cristo.
Agradeço a Deus, ao meu Bispo, ao Padre Adão pela oportunidade em poder servir a Igreja presente nesta paróquia.
Um forte abraço a todos. Espero poder conhecê-los em breve
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